A necessidade de analisar ano da morte/desaparecimento por organização política se dá em virtude das ações realizadas por operações de inteligência militar organizada pelo regime para eliminação do “inimigo interno”.

A Guerrilha do Araguaia, organizada por membros do Partido Comunista do Brasil (PCdoB) desenvolveu-se entre os anos de 1972 e 1974, sendo a principal ocorrência de mortes/desaparecimentos por ano e organização política.

A Operação Radar foi articulada entre 1973 e 1976 por órgãos da repressão política com o objetivo de desmantelar o Partido Comunista Brasileiro (PCB), eliminando as principais lideranças do comitê central (CC), como Itair José Veloso, Élson Costa e Walter de Souza Ribeiro, que se encontram desaparecidos até hoje, e outros que possuíam influência na vida política e cultural do País. Observam-se estas circunstâncias na predominância de mortes em 1975 de pessoas ligadas ao Partido.

A Operação Cacau atingiu militantes ligados à Ação Popular Marxista-Leninista (APML), organização política estruturada em alguns estados. Foi realizada entre os anos de 1972 e 1973 pelo Centro de Informações do Exército – CIE. As principais lideranças mineiras mortas nessa operação foram José Carlos Novaes da Mata Machado e Gildo Macedo Lacerda, ambos torturados até a morte.

Observa-se, por último, o desmantelamento contínuo de organizações políticas armadas entre os anos de 1970 a 1976, atingindo, principalmente, as lideranças da Aliança Libertadora Nacional (ALN), da Vanguarda Popular Revolucionária (VPR), da Vanguarda Armada Revolucionária – Palmares (VAR-Palmares) e de outras organizações menores.

No caso das lideranças da ALN cabe destacar Eduardo Collen Leite, conhecido como Bacuri, torturado por 109 dias pelo delegado Sérgio Paranhos Fleury. Juarez Guimarães Brito, dirigente nacional da VPR, na eminência de ser preso e torturado, se matou. Carlos Alberto Soares de Freitas, dirigente nacional do VAR-Palmares foi torturado na “casa da morte” de Petrópolis e encontra-se desaparecido até hoje.