Data da morte:Entre 1964 e 1969

Local:Varzelândia

Antônio Montes de Brito, Juarez Barbosa da Silva e Ursino Oliveira Lima aparecem citados como assassinados nos períodos dos despejos realizados em Cachoeirinha na dissertação “À procura da terra perdida – Para uma reconstituição do conflito de Cachoeirinha”. A autora colheu depoimento de Dona Zuína, em julho de 1984, e a posseira narrou:

"Eles mataram Antônio Montes de Brito aqui dentro da casa dele, dentro da residência, matado pelo cabo José Guilherme a tiro. Juarez aqui na rua matado pelo cabo Luiz [Luiz Soares da Fonseca] [...]. O cabo atirou nele no meio da rua. Mataro também o Sino, matado por um pistoleiro de Manoelito [Manoelito Maciel de Salles], por nome Antonio Preto, aqui na rua, matado por uma pexerada [...]. Matou e ficou por isso mesmo."

Em reunião pública realizada pela Covemg em Verdelândia, no dia 06/06/2017, Dona Zuína novamente se recordou das mortes de Juarez, Antônio Manso e Ursino:

"morreu um companheiro nosso chamado Juarez [...] eles matou um compadre nosso chamado Juarez. Matou um companheiro nosso chamado de Antonio Manso [...] matou finado Alcino [Sino], homem trabalhador finado Alcino, esse que matou chamava Antonio de Manelito [Manoelito Maciel de Salles], o jagunço que matou."

O assassinato de Antônio Manso pelo cabo José Guilherme foi confirmado em documento oficial da delegacia de Polícia Civil de Minas Gerais encontrado no acervo da Coseg, que informa que o cabo José matou Antônio com três tiros de revólver. Foi possível verificar ainda, em documentos do DOPS/MG, que o cabo José Guilherme e o soldado Delorme Spinola responderam ao processo nº2833 da Auditoria da Justiça Militar de 24/04/1967

Também em documentos do DOPS/MG há o registro que o cabo Luiz Soares da Fonseca, autor dos tiros contra o posseiro Juarez Barbosa da Silva, foi absolvido em 25/04/1972.

Em documento de 1983, assinado pelo padre José Silveira, vigário de Varzelândia, no período dos despejos, consta que:

Os posseiros, na sua maioria, gente humilde e religiosa, nunca mataram ninguém. Os fazendeiros começaram a criar casos como os posseiros para que reagissem e pudessem ser eliminados. Até o presente já eliminaram quatro posseiros: Antônio “Manço”, Ursino, Martim Fagundes... Alguns morreram mais de desgosto que de doença. Emílio de tal, José da Esperança...

Não foi possível identificar a data precisa de cada um desses assassinatos, mas há suspeita de que o de Ursino Oliveira Lima possa ter ocorrido em 1969, visto que, em um dos documentos do DOPS/MG, consta que a denúncia sobre a morte foi recebida em 15/10/1969.

Para informações sobre o contexto, sugere-se a leitura co capítulo Cachoeirinha, no Relatório Final da Covemg, volume 2.

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